Abaixo, a reportagem na íntegra:
Companhias de ônibus buscam inspiração em trens e aviões | |
Mesas já estão em 35 veículos da Pássaro Marron e a 1001 faz check-in antecipado | |
Enquanto em 2010 o fluxo de passageiros em voos domésticos cresceu 23,5%, impulsionado pela nova classe média, a quantidade de pessoas nas três principais rodoviárias de São Paulo (Tietê, Barra Funda e Jabaquara) passou de 30,3 milhões para 30,6 milhões de 2009 para 2010, apenas 1% mais, segundo a administradora Socicam. A Pássaro Marron, com forte atuação no Vale do Paraíba, está pondo mesas para reuniões de negócios ou para apoiar o notebook, assim como as existentes em cabines de trens da Europa, em 35 ônibus da Airport Bus Service, serviço que liga os aeroportos de Congonhas e de Guarulhos e este último a diversos pontos de São Paulo. "Nosso foco é o público executivo. Cada vez mais queremos levar o passageiro a se sentir no mesmo ambiente que o transporte aéreo", diz o diretor de transportes da Pássaro Marron, Miguel Petribu. Segundo ele, este ano serão aplicados R$ 33 milhões para renovar 20% da frota de 428 ônibus. O executivo, de 53 anos, foi contratado há dois anos como parte do plano de profissionalização da Pássaro Marron, pertencente à família Penido. Ele trabalhou 18 anos em empresas aéreas de carga e pretende adotar outras ideias da aviação no transporte rodoviário. A Auto Viação 1001 conquistou a liderança da "ponte rodoviária" entre o Rio e São Paulo, com 35% de mercado, ao oferecer facilidades como o totem de autoatendimento, muito parecidos com os equipamentos de check-in antecipado das aéreas, para quem compra a passagem pela internet. Com isso, a empresa está eliminando longas filas de clientes que tinham de ir ao guichê com documento com foto para retirar sua passagem. "O setor aéreo está sempre atento à competição no trecho Rio-São Paulo, onde fazemos a maior questão de manter nossos números no nível que estão hoje", afirma o superintendente da 1001, Heinz W. Kumm Júnior. Segundo o executivo, na comparação de 2010 com 2009, a empresa teve queda de 4% no volume de passageiros transportados entre as duas capitais por causa da concorrência com as empresas aéreas. Para 2011, ele acredita que vai recuperar a perda do ano passado. Seu faturamento em 2010 foi de R$ 387 milhões, ante R$ 334 milhões de 2009. Para 2011, a projeção é de expansão de 10%. A 1001 investiu R$ 2 milhões para montar duas salas, batizadas de "net", uma na rodoviária do Tietê e outra na Novo Rio, no Rio de Janeiro. Cada uma consumiu R$ 1 milhão. Na capital paulista, são 17 totens e no terminal carioca, 10 equipamentos. Ao todo, a empresa tem cerca de 30 aparelhos e vai instalar mais 25 até o fim do ano. A companhia planeja desembolsar R$ 82 milhões para comprar 180 ônibus, principalmente para linhas dentro do Estado do Rio. Assim como a 1001 está fazendo com os totens, a Pássaro Marron estuda agilizar o embarque nos ônibus por meio de biometria (como leitura de digitais) para eliminar as filas para quem compra a passagem via internet. Esse projeto deverá ser implementado em 2012. Como há incidência de ICMS nas passagens, o que não ocorre com os bilhetes aéreos, as empresas têm de emitir um cupom fiscal para quem faz a compra on-line. A Viação Águia Branca também estuda como seu passageiro poderá comprar o bilhete pela internet e embarcar no ônibus sem passar pelo guichê na rodoviária. A empresa já usa uma estratégia típica das aéreas: desconto de até 30% em dias e horários de menor movimento para quem compra com antecedência. Pássaro Marrom e 1001 estudam ainda implementar programas de fidelidade. "Há poucos anos o Brasil só tinha o modal rodoviário. Hoje, com o crescimento da aviação regional, o setor aéreo está ocupando um espaço que é dele", diz a diretora de comercial e de marketing da Viação Águia Branca, Paula Correa. A Viação Águia Branca faturou R$ 258 milhões em 2010, ante R$ 240 milhões no ano anterior. Para 2011, Paula estima crescimento de 5% e 11,2 milhões de pessoas transportadas, frente às 11,06 milhões de 2010. Fonte: Valor Econômico | |